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Por, Mônica Comenale.

Conceito repressão na psicanálise

 

        Freud originalmente desenvolveu o conceito repressão como parte central de sua teoria psicanalítica. Ele descobriu com seus pacientes, que eles eram mais propensos a se recordarem de suas experiências  através da hipnose, do que conscientemente.

      Para Freud, a repressão ocorre quando um pensamento, memória ou sentimento é muito doloroso para um indivíduo, de modo que a pessoa inconscientemente empurra essas informações para fora da sua consciência, e fica inconsciente desta existência. Contudo, o pensamento reprimido poderá afetar o comportamento, mas a pessoa que o reprimiu, não tem consciência de sua existência ou efeito.

       Freud, acreditava que a repressão desempenhava um papel crucial na psique humana. Descobriu, que era um importante mecanismo de defesa, ou seja, uma estratégia empregada pelo ego, para nos poupar de sentimentos de dor e desconforto, o que o levou a declarar,  que a regressão" é a pedra angular sobre a qual repousa a estrutura da psicanálise",  sua teoria foi construída sobre ela. Freud acreditava, que trazer à tona pensamentos inconscientes, poderia  aliviar o sofrimento psicológico.

    Ao examinarmos como a personalidade é estruturada, trazemos luz a uma maior compreensão,  na visão de Freud sobre o  funcionamento da repressão. Para ele, a personalidade era composta por três partes, vejamos:

 

1- O ego: componente que lida e intercede entre as demandas da realidade e os outros aspectos da personalidade.

2- O id: reservatório inconsciente de impulsos, desejos e necessidades básicas que impulsionam o comportamento.

3- O superego: é o lado idealista e moralista que inclui valores e ideias internalizados conforme os padrões da  sociedade.

 

         Portanto, o id é o que alimenta esses impulsos, muitas vezes inaceitáveis e o superego, é o que tenta impor um senso de moralidade ao comportamento do indivíduo. O ego deve se esforçar para equilibrar essas suas demandas, muitas vezes concorrentes e, ao mesmo tempo, considerar, a realidade cotidiana da pessoa. Assim sendo, temos que considerar que este constante empurrão e puxão, dessas forças frequentemente "concorrentes" é o que pode levar a ansiedade do ego. Os impulsos básicos do id, são comumente reprimidos, de modo que o ego deve lidar com esses sentimentos, bem como com os conflitos, entre as questões da realidade e a pressão moralista do superego.

     Freud, acreditava que a repressão poderia levar ao sofrimento psicológico, porque embora esses pensamentos, sentimentos e desejos pudessem estar fora da consciência, eles ainda poderiam criar ansiedade. Todo processo desta abordagem de Freud à psicanálise, foi focado em trazer esses impulsos inconscientes à consciência, para poderem ser tratados conscientemente.

        É importante mencionar, que às vezes a repressão pode ser confundida com supressão, sendo outro tipo de mecanismo de defesa. A repressão envolve os impulsos ou pensamentos indesejados, a serem inconscientemente empurrados para fora da consciência. Repressão é também  um esquecimento inconsciente a ponto de uma pessoa não saber que existe.  Por outro lado, a supressão ocorre quando uma pessoa conscientemente, tenta forçar esses sentimentos a sair da consciência. A supressão é intencionalmente tentar esquecer ou não pensar em pensamentos dolorosos, ou indesejados.

    Tanto a repressão quanto a supressão, possuem efeitos negativos sobre a psique. No caso da repressão, pode levar a uma intensa ansiedade, dores, sonhos vividos que expressem medo e desejos, que a pessoa esconde da consciência, como uma culpa que não desaparece, sendo que essas memórias e impulsos acabam afetando no comportamento e nos relacionamentos de maneira significativamente negativa.

       Freud, também usou o termo repressão de duas maneiras diferentes, que se apresentam, da seguinte forma:

 

         Repressão primária: refere-se a ocultar material indesejado antes que ele atinja a consciência. Esse processo ocorre totalmente inconscientemente. Embora, as informações possam estar ocultas da consciência, às vezes elas podem entrar na consciência de formas disfarçadas.

      Repressão propriamente dita: ocorre quando uma pessoa toma consciência do material reprimido, mas tenta propositalmente removê-lo da consciência.

 

         Alguns exemplos de repressão:

 

  • Durante a infância, uma criança foi bruscamente arranhada por um gato, o que posteriormente gerou uma fobia por gatos, porém quando adulta, está pessoa não se lembra de onde especificamente esse medo se originou.

  • Uma pessoa que sofreu um acidente ao cair da bicicleta, não se lembra deste evento que ocorreu com ela e desenvolve um medo de andar de bicicleta, sem saber de onde vem este medo.

  • Um rapaz tem um deslize, ao dizer: "estou apaixonado por Telma", o nome da sua ex-namorada, ao invés de dizer o nome da sua atual namorada.

 

         Para tratar a repressão, o caminho é  procurar e descobrir os pensamentos, medos e memórias reprimidas e trazer de volta à superfície da consciência. Uma das formas empregadas pelo  analista, poderá ser o de examinar a repressão através dos sonhos aflitos do seu paciente. Uma terapia eficaz resultará em reduzir os sentimentos de ansiedade em torno da memória ou impulsos reprimidos,  o que  ajudará ao paciente repressor, a sentir a raiva ou a tristeza que precisam sentir, para que assim, possa processar conscientemente o incidente do seu  passado.

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