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Por, Mônica Comenale.

Resistência na psicanálise

 

     Sigmund Freud, fundador da Teoria Psicanalítica, desenvolveu o conceito resistência através de suas expectativas diretas com pacientes que atendia e que, de repente, desenvolviam comportamentos não cooperativos durante as sessões de terapia, enquanto falavam. Freud, percebeu que eles evitavam alguns  assuntos e tópicos que se aproximavam demais de lembranças desconfortáveis, ou emoções e desejos inaceitáveis. Ele, integrou a essas descobertas às suas teorias anteriores, sobre as funções do id, ego e superego, resultando finalmente no conceito de resistência, que se desenvolveu em uma infinidade de formas individuais que incluíam repressão, transferência, resistência ao ego, "execução" e autossabotagem.

         Para a psicanálise, a resistência é um comportamento de oposição quando as defesas inconscientes do ego de uma pessoa, são ameaçadas por uma fonte externa.

          Freud acreditava que a origem da resistência, era devido à   presença de pensamentos ilícitos ou indesejados suprimidos, que poderiam inadvertidamente tentar impedir, qualquer tentativa de enfrentar uma ameaça subconsciente percebida. Os mecanismos da resistência teria como objetivo principal, o de inibir a revelação de qualquer informação reprimida na mente inconsciente.

         O conceito de resistência tornou-se fundamental para a prática psicanalítica, visto que o tratamento consistia em conscientizar o inconsciente precisamente pela expiração de tal resistência, com a livre associação, interpretação e com pilares técnicos, que atendiam a esse intuito. Freud, também, descobriu dois outros conceitos importantes: o inconsciente e o mecanismo de regressão, que dão origem à resistência e  podem ser analisados, no decorrer das sessões de terapia.

          Um dos principais objetivos da psicanálise é o de trazer o que esta no  inconsciente ou pré-consciente, para a consciência, através da verbalização, o ato de resgatar esses pensamentos à consciência os impede de motivar determinados comportamentos e, assim, permitir que o indivíduo exerça mais controle pessoal.

         Freud escreveu, que: "a descoberta do inconsciente e a introdução dele, na consciência é realizada em face de uma resistência contínua por parte do paciente. O processo de trazer à luz esse material inconsciente está associado à dor e, por causa dessa dor, o paciente a rejeita repetidamente". Ele ainda acrescentou: "Cabe a você interpor esse conflito na vida mental do paciente. Se você conseguir convencê-lo a aceitar, por uma melhor compreensão, algo que até agora, em consequência, dessa regulação automática pela dor, ele rejeitou reprimiu, você terá realizado algo em relação à educação dele. O tratamento psicanalítico pode, em geral, ser concebido como uma reeducação na superação das resistências internas".

                   

      Formas de resistência:

  • Repressão: é a forma de resistência em que o ego empurra, ideias e impulsos ofensivos para o inconsciente. Essencialmente, o paciente está inconscientemente escondendo memórias da mente consciente.

  • Resistência ao ego: essa forma de resistência é uma regressão neurótica para um estado proposto de segurança infantil. Geralmente, envolve as tentativas do paciente de obter atenção e simpatia, enfatizando pequenos sintomas como, por exemplo: dores de cabeça, náusea e depressão.

  • Resistência do Id: é a oposição colocada pelo id inconsciente, contra qualquer mudança em seus padrões habituais de gratificação. A resistência do id reflete o desejo inconsciente de consistência de uma maneira que se baseia no princípio do prazer. Como o id é uma porção inata do instinto humano, a interpretação do consciente é um método insuficiente, portanto o psicanalista deve primeiro ser capaz de superar as resistências por  dedução das defesas inconscientes  dos pacientes,  apresentadas através da exploração do mecanismo de transferência.

  • Resistência do superego: É a oposição posta em terapia contra a recuperação pela consciência do paciente, seu sentimento de culpa subjacente. Promove punição pessoal por autossabotagem ou impedimento auto-imposto. Foi considera por alguns psicanalistas, "embora não por Freud", a forma mais fraca de resistência, refletindo os sentimentos moralistas do superego.

 

           À medida que a prática clínica de Freud progredia, ele notou que  mesmo quando as mentes conscientes de seus pacientes haviam aceitado a existência e começado a trabalhar com seus padrões neuróticos, eles ainda tinham que lidar com o que ele chamava resistência do id: "a resistência do inconsciente", o poder da compulsão de repetir  - atração exercida pelos protótipos inconscientes sobre o processo instintivo reprimido".

      Freud, também, entendeu que a resistência estava intimamente ligada a transferência, ocorrendo quando o paciente permite que experiências passadas afetem os relacionamentos presentes. Em terapia, isso acontece se o terapeuta lembrar o paciente, consciente ou inconscientemente, de alguém do seu  passado que pode ter tido um impacto em sua vida, levando-o a considerar o terapeuta de maneira positiva ou negativa, dependendo da natureza da influência passada.

         Atualmente, o conceito de resistência é tão válido quanto no início da psicanálise. Embora, talvez, sua presença não seja tão evidente quanto Freud e seus contemporâneos o identificaram, o seu entendimento e tratamento, permitem o desenvolvimento bem-sucedido de qualquer psicanálise e oferecem aos pacientes a oportunidade de conhecer e se desenvolver pessoalmente. 

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