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Por, Mônica Comenale.

Sublimação

 

         Em sua Teoria da Personalidade, Freud descreveu o conceito  sublimação como um processo em que a energia ou impulso sexual, é  direcionado para as artes ou metas socialmente aceitáveis, que atendam as regras e as limitações de comportamento moral. Um exemplo de sublimação seria, por exemplo: um lutador de judô, direcionar sua agressividade numa competição, sendo essa manifestação aceita socialmente, ou um escritor, usando a sua arte de escrever, direcionar suas frustrações para compor seu livro.  

  Freud considerou a sublimação, como a fonte do desenvolvimento da civilização, sendo também uma maneira favorável de redirecionar os instintos destrutivos de amor e ódio. Ele explicou que esse processo começa na época da infância, com o interesse da criança na pesquisa de como o sexo funciona, sendo interrompido por "uma onda de repressão sexual energética" através da própria família e da cultura social.

       Existe um estreito elo entre a fantasia e a realidade, em que Freud comparou as fantasias dos artistas com as das crianças, da seguinte forma: brincar está ligado tanto a realidade quanto a fantasia. Assim, enquanto uma criança, que por suas brincadeiras cria o seu mundo de "faz de contas", o artista, por outro lado, através de suas fantasias, molda o mundo externo conforme com os seus desejos, procurando realizá-los por meio da sua arte. Freud afirmou que os artistas, usam seus trabalhos para projetar no mundo exterior, suas fantasias não projetadas. O artista possui talento para transformar seus impulsos primitivos, sexuais e agressivos, em formas simbólicas e culturais. O vínculo entre o psiquismo e a arte, pode chegar a ser concedido de um modo tão direto ou imediato que a singularidade da obra é perdida de vista, ao mesmo tempo, em que o psiquismo passa a ser simplesmente ilustrado pela obra.

      A arte pode ser considerada como um mecanismo de defesa,  e um meio de lidar com as várias pressões psíquicas, reduzindo a ansiedade decorrente de estímulos inaceitáveis ​​ou potencialmente prejudiciais, que protege contra a neurose, porque o artista transforma suas fantasias em criações artísticas, ao invés de sintomas.

     Segundo Freud (1910), embora a repressão como um dos mecanismos de defesa restrinja completamente os desejos inaceitáveis, é típico que os indivíduos construam vidas fantasiosas em sua mente para compensar a insuficiência da realidade, porém o excesso de fantasias pode ser muito prejudicial, porque o conteúdo se transforma em sintomas de distúrbios. De acordo com Freud (1917), a repressão completa dos impulsos sexuais e o uso excessivo do ego,  podem resultar em neurose e outras doenças. Os impulsos sexuais (ou libido) são bastante flexíveis e podem  substituir ou alterar seus objetos (ser redirecionados); por exemplo, eles podem mudar para os objetos, mais fáceis de alcançar.  Geralmente a libido, esta ligada a todos os aspectos descritos com a palavra "amor", incluindo relacionamento sexual, afeição por pais, filhos, benevolência geral e também impulsos narcísicos, ou seja, amor-próprio.

      Freud (1917) disse, que caso a libido não possa ser satisfeita, existem duas maneiras comuns de resolvê-la: suprimindo-a ou sublinhando-a em outro objetivo, sendo geneticamente conectado ao primeiro, mas que não possui caráter sexual.

      A sublimação é oposta a repressão e é um mecanismo vital para manter o equilíbrio psicológico de uma pessoa, pois a quantidade de impulsos sexuais e energia erótica é limitada. Sendo assim, a sublimação redireciona os impulsos sexuais que levam a existência e a atividade humana de seus objetivos iniciais, como a reprodução e o prazer, aos não sexuais e socialmente aceitáveis. Este processo pressupõe "distração" dos objetivos sexuais originais e concentra a energia sexual, ou seja, libido, em tipos mais altos de atividade que transmitem benefício social.        Devido a essa operação psíquica, os instintos sexuais básicos se transformam parcialmente em objetivos mais elevados e buscam uma saída em outras áreas não sexuais da vida humana. Os objetivos sociais que recebem mais importância, que substituem os impulsos sexuais da mente humana, como, por exemplo, a ciência e as obras de arte, tendem a ser as saídas mais comuns para os instintos básicos, portanto temos que considerar o quanto a sublimação adquiriu um significado considerável para a cultura e o progresso mundial.

    Outro aspecto relevante da sublimação é quando ocorre o redirecionamento dos impulsos sexuais, em que as pessoas acabam alcançando um melhor desempenho em seus trabalhos, com um significativo aumento na produtividade, além do que, elas passam a se dedicarem e a se esforçarem mais, no que estão envolvidas, como, por exemplo, em suas pesquisas, ou atividades criativas, sendo socialmente benéficas.

        Contudo, Freud admitiu que a sublimação absorve uma parte da energia sexual que se transforma em energia não sexual. Além disso, a capacidade de  sublimar não é desenvolvida na mesma medida em todas as pessoas.

         Freud acreditava que as maiores conquistas da civilização, foram feitas devido à sublimação eficaz de nossos impulsos sexuais e agressivos, originados no id e depois canalizados pelo ego, conforme indicado pelo superego.

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