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Por, Mônica Comenale.

O aparelho psíquico de Freud

 

     Freud usou o termo "aparelho psíquico" para se referir a mente humana e a uma estrutura psíquica capaz de transmitir, transformar e conter a energia psíquica.

    A primeira Tópica ou Teoria Topográfica de Freud foi originada da obra "A Interpretação dos Sonhos" (1900), em que apresentou o aparelho psíquico dividido em três sistemas ou instancias, que possuem uma localização e uma função interligadas entre si: consciente, pré-consciente e o inconsciente.

 

  • Sistema Consciente: está relacionado à percepção e à memória, é a área das ideias, recebe informações internas e externas simultaneamente sendo sua principal responsabilidade, perceber os estímulos provenientes de ambos. É responsável pelos pensamentos e juízos de forma momentânea. Está associado à consciência, sendo um ato psíquico, que por meio do qual o indivíduo se percebe, diferenciado do mundo ao seu redor. A consciência está localizada no presente, de modo que o sujeito está consciente de todas as experiências que esta vivendo, através da percepção da realidade. 

  • Sistema pré-consciente: funciona como uma tela entre os dois elementos contrastantes, o consciente e o inconsciente. Suas representações são fundamentalmente externalizações, que não estão sujeitas à repressão, mesmo estando inconscientes. Sua importante função é regular a atividade psíquica do pensamento racional, selecionando o acesso às representações, sem distorcer ou tentar removê-las.

  • Inconsciente: o inconsciente é a estrutura mais antiga do aparelho psíquico, a que contém todos os pensamentos e percepções rejeitados pela consciência e nos quais houve censura. Muito do seu conteúdo são elementos  reprimidos na infância, e se referem a tudo negado pela repressão. Esses elementos tentam acessar a consciência gerando uma força ou espécie de tensão psíquica limitada, ou interrompida por meio da censura. O sistema inconsciente é o espaço onde há impulsos, sentimentos, desejos e memórias reprimidas, e podem entrar em conflito com a moralidade da consciência. O inconsciente é caracterizado por ser atemporal. Nele não existe nem passado, nem futuro,  está sempre no presente. Tudo o que acontece no inconsciente é de caráter atual.

 

   Em 1920, após publicar o artigo “Além do Princípio do Prazer”, Freud apresentou a Segunda Tópica ou Teoria Estrutural, que trouxe a busca de um equilíbrio dinâmico que potencializa o prazer e reduz o desprazer, um caráter mais dinâmico aos processos do aparelho psíquico, onde a sua localização topográfica não tem mais relevância.

    Para Freud, a Teoria Topográfica, já não era mais tão eficiente, porque através de suas pesquisas ele passou a focar na resistência (ego) e como ele operava entre o consciente e o pré-consciente, Freud passou  atribuir a essa divisão o nome de: id, ego e superego.

 

  • Id: o id é constituído por impulsos de origem instintivo, regidos pelo princípio do prazer (busca da satisfação imediata), formado por pulsões, e instintos de vida e de morte, autopreservação e sexuais. No id tudo é inconsciente, mas apenas uma parte possui elementos reprimidos, porque no restante é onde se encontram os elementos de caráter hereditário e inato. O id assemelha-se ao inconsciente porque busca a realização do prazer a qualquer custo, o que importa é a satisfação de seus desejos de forma imediata. Nas crianças o id possui uma manifestação maior, por estar relacionado ao desenvolvimento da personalidade, e por ainda por não se encontrarem diante de uma contenção psíquica.  Quando uma criança grita ou se atira ao chão fazendo alguma pirraça a seus pais, sua verdadeira intenção  é simples, o de conseguir realizar seu desejo, portanto neste caso é o id quem está no controle e quem esta se manifestando. O id se expressa em determinadas circunstâncias quando agimos por impulso e sem pensar, através das nossas ações e reações.

  •  Ego:  o ego corresponde ao princípio da realidade, é a instância psíquica encarregada de defender a consciência acionando seus mecanismos de defesa, diante da percepção de algo desagradável, impedindo que conteúdos recalcados retornem, resultando no desconforto e sofrimento psíquico. Em seu reservatório, o ego guarda  nossas lembranças, experiências, pensamentos, ideias, sentimentos, sensações. Quem equilibra a psique é o ego, pois tem que cumprir pelo menos alguns dos desejos do id, sem violar as ordens do superego, que também esta atento aos excessos do mundo exterior.  Outro aspecto do ego é a função que  exerce nos mecanismos de defesa, processos inconscientes, sendo que os principais são os seguintes: repressão, formação reativa, projeção, regressão, racionalização, negação, deslocamento, anulação, introjeção, sublimação.

  • Superego: o superego é a última instância psíquica do aparelho psíquico, formada por valores morais, senso crítico e se comporta como juiz, do sujeito dizendo o que está certo ou errado. É a parte inconsciente da personalidade que controla as atividades conscientes. Representa também as ideias de autopreservação, autocrítica, culpa e autopunição, entre outras... . Sua missão é ir contra a gratificação dos impulsos que rompem com a ética e a moral do sujeito. É o apoio de todas as proibições e todas as obrigações sociais e culturais. O superego é uma instância formada a partir do complexo de édipo, que surge em torno dos cinco anos, onde a criança consegue fazer as identificações com os pais, com suas demandas e proibições. Sua meta consiste em reprimir os impulsos do id, que para ele é inaceitável mediante a sociedade.

       

       Estas são algumas conceituações freudianas correspondentes à elaboração da Teoria Topográfica de Freud, constitutiva do aparelho psíquico e do seu funcionamento, sendo um sistema complexo, que procura o equilíbrio psicológico do ser humano, porém quando esse processo não obtém resultados, surgem às neuroses psíquicas.

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