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Por, Mônica Comenale.

Conceito Inconsciente

 

       O conceito do inconsciente está intrínseco na psicanálise, como ponto central no qual se concentra toda a descoberta freudiana. O inconsciente é um fio condutor desde o início da psicanálise, com os estudos sobre fenômenos histéricos até os últimos trabalhos de Freud, na década de 30. Freud, em muitos momentos, retorna seu trabalho com o inconsciente, ora se aprofundando aos casos clínicos dos pacientes que ele investiga, ora complementando o conceito.

      Em 1895, começam as primeiras descobertas referentes ao conceito do inconsciente, onde Freud e Breuer norteados com os estudos sobre a histeria, pela primeira vez – em nota no rodapé – aparece o termo “inconsciente”, referente ao caso de Frau Emmy Von N.

     Para Freud a maior parte da consciência é inconsciente, onde estão os principais determinantes da personalidade, as fontes de energia psíquica, as pulsões e os instintos. Os processos, mentais inconsciente são intemporais, memórias muito antigas quando liberadas a consciência, demonstram que não perderam sua força emocional, além disso, há material que pode ter sido excluído da consciência, censurado e reprimido, como lembranças e sentimentos que trazem grande dor, culpa ou vergonha. Assim, seu acesso é negado à consciência por um mecanismo ou força inicial de repressão e após resistência. O inconsciente é uma região obscura do psiquismo, que pode se manifestar na consciência através dos sonhos e atos falhos, nos sintomas e transferências.

      Em 1900, Freud apresentou o aparelho psíquico como uma organização dividida em sistemas ou instancias em que cada uma possui uma localização, e função, estando interligadas entre si, na qual está divisão ficou conhecida como a Primeira Tópica. Freud localiza o inconsciente não como um lugar anatômico, mas como um local psíquico, com conteúdos, mecanismos e uma energia específica:

  • Consciente: Diz respeito à capacidade de ter percepção dos sentimentos, pensamentos, lembranças e fantasias do momento.

  • Pré-consciente: Relaciona-se aos conteúdos que podem facilmente chegar à consciência.

  • Inconsciente: Refere-se ao material não disponível à consciência do indivíduo.

      Freud comparou os três níveis da mente a um iceberg. O topo do iceberg representa a mente. A parte do iceberg que está submersa abaixo da água, mas ainda é visível, é o pré-consciente. A maior parte do iceberg que fica invisível abaixo da linha d água representa o inconsciente. Do ponto de vista dinâmico, essas três instâncias estão em constante conflito de forças de desejos inconscientes que querem ser manifestados e emergidos no campo consciente e contra-forças que operam para a não satisfação desses desejos, impedindo sua manifestação (recalcamento).

    Entre 1920 a 1923, Freud descreveu a estrutura das instâncias e seu modo de funcionamento em relação à personalidade, quando acrescentou os conceitos de:

Superego – (Parcialmente inconsciente) O superego é o componente inibidor da mente, atuando de forma contrária ao id. Considerado hiper moral, segue o “princípio do dever” e faz o julgamento das intenções do sujeito, sempre agindo de acordo com heranças culturais relacionadas a valores e regras de conduta. O superego é, então, componente moral e social da personalidade. Procura através do Ego controlar o ID. Aspira à perfeição moral e tende a reprimir de forma severa as infrações à moralidade.

  • Ego: (Parcialmente inconsciente) – O ego é a parte consciente da mente, sendo responsável por funções como percepção, memória, sentimentos e pensamentos. É regido pelo “princípio da realidade”, sendo o principal influente na interação entre sujeito e ambiente externo. É um componente moral, que considera as normas éticas existentes e atua como mediador entre id e superego. Conseguir o equilíbrio de forças contrárias é tarefa árdua para o Ego.

  • Id: (Totalmente inconsciente) - É o reservatório da energia psíquica, da libido e condiciona fortemente os acontecimentos psíquicos, irracional e impulsivos, procura o prazer alheio à realidade e à moral. O Id é regido pelo “princípio do prazer”, está profundamente ligado a libido, está relacionado a ação de impulsos, localizado no inconsciente da mente, não conhece a “realidade” consciente e ética, age apenas a partir de estímulos instintivos, o que lhe atribui a característica de amoral.

      No inconsciente todas as coisas estão presentes no mesmo instante e não se altera com a passagem do tempo, este conceito caracteriza a propriedade de atemporalidade que justifica o fato de vivências infantis, poderem desencadear sintomas neuróticos em um indivíduo adulto. Todos os sintomas, para a psicanálise, formam-se no inconsciente e quando a causa deles torna-se consciente, esses sintomas tendem a se esvaecer. Freud, através da sua experiência clínica, disse que o psiquismo não se reduz ao inconsciente que certos conteúdos só são possíveis à consciência após serem superadas certas resistências e revelou que a vida psíquica é povoada de pensamentos eficientes, embora inconscientes, de onde se originavam os sintomas. Na clínica psicanalítica, a importância do conceito inconsciente é o foco do trabalho do analista, cujo objetivo é eliminar o mal pela raiz.  O que o analista escuta do paciente, é o mesmo que tentar ouvir o inconsciente dele. Por meio, da interpretação técnica psicanalítica, o analista pode descobrir identificações inconscientes do paciente que facilitará a uma mudança psíquica.

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