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Por, Mônica Comenale.

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Freud e "A interpretação dos Sonhos"

 

       O livro "A interpretação dos sonhos" (1900) publicado por Freud, representa o nascimento da teoria da análise freudiana dos sonhos, atividade que ele descreveu como "o caminho para o inconsciente". No livro, Freud descreve minuciosamente o desenvolvimento do método de interpretação dos sonhos analisando seus próprios sonhos e os de seus pacientes através da técnica da associação-livre.

     No Capítulo VI do livro, Freud constitui o primeiro grande modelo do aparelho psíquico. O psiquismo é elaborado por dois grandes sistemas: inconsciente e pré-consciente/consciente. Ambos, estão separados pela censura, e através do mecanismo do recalque, que mantêm certas representações inaceitáveis, fora do sistema consciente, mas essas representações exercem uma pressão para tornarem-se conscientes e ativas. Assim, um duelo de forças ocorre, entre os conteúdos reprimidos e os mecanismos repressores e como resultado desses conflitos, surge a produção das formações do inconsciente: os sonhos, sintomas, lapsos e chistes.

     Freud, também mencionou que o conteúdo dos sonhos, é relacionado ao cumprimento dos desejos e definiu duas categorias de conteúdo:

 

• Conteúdo manifesto: conteúdo manifesto é o sonho percebido pelo sonhador, o objeto literal do sonho, o resultado geral do sonho, é o que lembramos e contamos a respeito do sonho.

 

• Conteúdo latente: é o significado do sonho, não aparece como uma narrativa, mas como um grupo de pensamentos que expressam um ou mais desejos. É o significado subjacente destes símbolos dos sonhos, que se torna suprimido e escondido pela mente subconsciente, de modo a proteger o indivíduo de pensamentos e sentimentos que são difíceis de lidar.

 

      Para Freud, os sonhos são a realização disfarçada de um desejo infantil reprimido, expresso como uma experiência alucinatória no decorrer do sono. À medida que a criança cresce, a proibição dos desejos infantis torna-se inconsciente. Freud chama essa função de "censura".

       Freud considerava a interpretação dos sonhos relevantes por ser uma via para expor e entender o inconsciente. Os desejos inconscientes de uma pessoa se manifestarão e moldarão seu comportamento enquanto estiverem acordados, e influenciarão o conteúdo do sonho durante o sono. Através do sonho, conseguimos  vivenciar e realizar os desejos mais profundos, recalcados, reprimidos e proibidos contidos, em nós  no inconsciente.

       

   O trabalho dos sonhos de Freud, foi criado por uma combinação de quatro elementos:

 

• Condensação: A condensação envolve minimizar a representação de seus impulsos ocultos durante o sonho. Vários elementos do sonho podem ser combinados em uma única imagem, que serve para disfarçar o significado real. Condensação, é a ideia de várias ideias diferentes da vida cotidiana, combinadas em um único elemento. Uma ideia ou imagem pode representar várias ideias, que convergem em uma imagem de sonho.

• Deslocamento: refere-se à mudança da forma de um pensamento ou ideia significativa para uma que é trivial, é a maneira como a importância de uma ideia muda de uma ideia para outra. (Por exemplo, as ideias ou sentimentos mais significativos para uma pessoa podem mudar de uma ideia (no conteúdo latente do sonho) para um detalhe insignificante no conteúdo manifesto do sonho. Na estrutura de Freud, a associação livre é um componente importante do deslocamento. O conteúdo memorável de um sonho pode parecer bobo na lembrança, mas esses detalhes triviais, diz ele, são todas expressões de desejos mais sérios. Aqui, ele introduz o conceito de símbolos, e temas que aparecem nos sonhos e todos têm um significado para os desejos da pessoa. Ele afirma que alguns símbolos são universais; por exemplo, que a realeza, como reis ou rainhas, sempre representa a mãe ou o pai, respectivamente. Ele afirma que muitos símbolos são relativos a cada pessoa com base em suas próprias experiências.

• Considerações de representabilidade: e refere-se à transformação de pensamentos em elementos visuais onde todos os significados, incluindo pensamentos abstratos, são representados por imagens. Aqui, Freud argumentaria que o que uma pessoa se lembra no sonho pode ser algum tipo de imagem caprichosa e sem sentido à primeira vista, mas, na verdade, é altamente significativa para os desejos inconscientes da pessoa. Algumas dessas imagens representam a realização disfarçada de um desejo reprimido. Os desejos da pessoa são alcançados através de algum tipo de imagem, e isso é suficiente para permitir que a pessoa continue dormindo em vez de ser interrompida.

• Revisão secundária: é o quarto componente do trabalho dos sonhos. Revisão secundária é a ideia de que o conteúdo dos sonhos é alterado para tornar o material mais difícil de entender. A revisão secundária também explica como a aparente incoerência e absurdo no sonho, são eliminados preenchendo as lacunas para tornar o conteúdo manifesto do sonho mais lógico.

 

    Os sonhos são subproduto do estado físico e mental do sonhador durante o sono, distinguindo-se entre os sonhos manifestos e latentes. O trabalho de Freud, resulta no processamento de informações e organização do sono que permite ao terapeuta obter informações importantes, como memórias significativas que ressalta as emoções como um parâmetro de ordem potencial, que pode fornecer um meio de aprender a respeito do  âmago de um sonho.